Contemplando o pôr-do-sol no Valle de La Luna

Saída: Alota/Bolívia – Km 3592 (6:03h)
Chegada:
San Pedro de Atacama/Chile – Km 3592 (12:35h)
Distância: 266Km

Acordamos às 6h (5h no horário da Bolívia). Havíamos combinado de sair às 4h, mas ninguém teve coragem de levantar antes e resolvemos continuar dormindo até o motorista nos acordar às 6h.

Como era muito cedo, ainda estava escuro, não tivemos café da manhã. Continuamos então nossa viagem de retorno a San Pedro. O motorista, como havia saído com 2 horas de atraso, pisou fundo no acelerador e agora ele ignorava os buracos ainda mais.

Chegando a Laguna Verde (vulcão Lincabur ao fundo)

Chegando a Laguna Verde (vulcão Lincabur ao fundo)

A estrada agora estava em piores condições. O caminho era o mesmo que percorremos na ida. Porém desta vez não paramos nos pontos turísticos do caminho. Estava bem frio, em torno de uns 10°C. A pickup não tinha ar quente (na verdade mal tinha motor) e passamos frio quase a viagem toda.

Durante o caminho atravessamos de carro alguns rios, cujas águas estavam baixas, mas mesmo assim somente um carro alto conseguiria atravessá-las.

Quando passamos na Laguna Colorada havia uma quantidade enorme de flamingos, muito mais do que havia antes. O motorista estava com tanta pressa e o frio era tanto que nem pedimos para dar uma parada e tirar algumas fotos.

Durante o trajeto, o motorista ao menos falava o nome dos lugares e dava algumas informações básicas sobre cada um.

Chegamos à hospedagem que fica ao lado da Laguna Blanca em torno das 11h. Na lagoa havia alguns flamingos. Tomamos um rápido café e aproveitamos para tirar mais algumas fotos. Em seguida o sol abriu e o tempo começou a esquentar.

"Checkup" antes de continuar viagem :)

“Checkup” antes de continuar viagem 🙂

Distante 1Km da Laguna Blanca estava o escritório do guarda parques, onde tivemos que mostrar os tickets de entrada no parque, os quais recebemos na ida a Bolívia neste mesmo local.

Desde a saída da hospedaria onde dormimos, não havíamos passado por nenhum carro. Depois da Laguna Blanca começamos a passar por alguns carros no caminho (pickups de outros tours), os quais passavam por nós em alta velocidade e levantavam uma poeira absurda. A estrada era estreita e os carros passavam quase “raspando” um no outro. Sempre que passávamos por outro carro, andávamos algum tempo no meio da poeira sem enxergar nada e contando com a sorte para não bater em outro carro no caminho.

Algum tempo depois chegamos à aduana de saída da Bolívia. La estava um ônibus nos esperando para nos levar até San Pedro. O ônibus estava cheio de turistas que também regressavam de outros tours pela Bolívia. No ônibus só havia 2 lugares, e como as outras pessoas que estavam conosco resolveram esperar pelo próximo ônibus (que chegaria em 30 minutos), eu e a Rosângela pegamos nossas  malas e embarcamos.

No ônibus mal havia espaço para nossas malas. Os outros turistas eram de países como Austrália, Bélgica, Japão, México, Inglaterra, Brasil, França, Holanda, USA, entre outros. Vimos a procedência deles através da lista de passageiros que todos tiveram que preencher.

Ônibus que nos aguardava para o retorno a San Pedro de Atacama

Ônibus que nos aguardava para o retorno a San Pedro de Atacama

Todos no mesmo ônibus: australianos, belgas, japoneses, mexicanos, ingleses, brasileiros, franceses, holandeses e americanos.

Todos no mesmo ônibus: australianos, belgas, japoneses, mexicanos, ingleses, brasileiros, franceses, holandeses e americanos.

Saímos então em direção a San Pedro de Atacama. Logo em seguida pegamos a ruta 27, que é a estrada do Paso Jama. Começamos novamente a descida dos 4200 até os 2200m. O motorista fez todo este percurso em baixa velocidade, em torno de 50Km/h. Deu para ver que ele conhecia bem o trecho e foi sempre muito cuidadoso, usando o freio motor durante toda a descida.

Este novo motorista era bem atencioso e aproveitamos para pedir informações sobre os lugares que pretendíamos visitar nos arredores de San Pedro. Durante o caminho ele nos explicou que há pouco tempo atrás esta ruta era toda de rípio, e era a estrada usada pelas mineradoras da região. Ele nos disse que esta ruta foi asfaltada há apenas 7 anos, e que antes fazer este percurso era muito difícil, pois os carros patinavam muito na subida e tinham muita dificuldade de frear na descida. Durante a descida ele nos mostrou em vários locais os pedaços de automóveis na beira da estrada, frutos de diversos acidentes ocorridos pela imprudência dos motoristas e desconhecimento do quanto perigosa era a descida. Em uma curva da estrada ele nos disse que já haviam ocorrido 5 acidentes. No local pudemos ver os pedaços dos carros acidentados. Durante o percurso observamos que algumas das pistas de emergência possuíam marcas dos pneus de carros que tiveram problemas com os freios e tiveram que usá-las. O motorista nos falou também que ultimamente os acidentes diminuíram bastante, já que agora as pessoas conhecem melhor a estrada e tomam mais cuidado.

Algum tempo depois chegamos à aduana chilena. Todos preencheram o cartão de entrada e a declaração de que não trazíamos nada ilegal conosco.

Como estávamos de ônibus, ao invés de revisarem todas as malas, eles passaram todas as bagagens (até mesmo as de mão) pela máquina de raio x.

Na aduana conhecemos uma jovem brasileira que está morando na Bélgica e está com seu marido belga fazendo uma viagem de 7 meses pela América do Sul. Ambos estão em ano sabático e quando retornarem a Bélgica voltarão para seus empregos.

Após uns 40 minutos na aduana, seguimos com o ônibus até a agência de turismo. Terminou aqui nosso tour pela Bolívia.

Este tour de 4 dias pela Bolívia vale a pena, mas deve-se levar em consideração que será necessário um pouco de sacrifício. Pois em alguns dos dias não se pode tomar banho, dorme-se em quartos compartilhados com pessoas desconhecidas, os banheiros são péssimos e em alguns lugares falta energia elétrica (em muitos locais só tem gerador que é desligado durante à noite, em outros o gerador não funciona). Mas com certeza tudo isto não torna o passeio frustrante, pois conhecer a Bolívia, seu povo, suas paisagens e sua cultura compensam todo o sacrifício. Portanto desista do tour caso você não abra mão de uma boa hospedagem, caso contrário este passeio se tornará uma grande tortura. Nossa recomendação: faça o tour, pois vale a pena.

No tour não se passa muito frio nem muito calor na maior parte do tempo. Nas pickups, apesar de não ter ar condicionado, basta abrir o vidro que o vento deixa uma temperatura bem agradável. Em alguns lugares, como nos geisers Sol de Mañana e logo cedo pela manhã, deve-se ter sempre um casaco em mãos para amenizar o frio. Durante à noite a temperatura cai e sente-se um friozinho agradável, bastando os cobertores fornecidos pelas pousadas para dormir sem passar frio.

Lemos na internet que a alimentação fornecida pelas agências era muito fraca. Em nosso tour isto não aconteceu. Sempre tivemos bons cafés da manhã (melhores que em muitos dos bons hotéis da Argentina e Chile que já nos hospedamos) e os almoços e jantas sempre foram com abundância e boa comida, apesar de simples. Em uma das jantas tivemos até vinho e em outras refeições nos serviram sobremesa de frutas.

Fomos então ao supermercado El Oasis (calle Vilama, 425D, esquina com a Caracolles). Compramos algumas frutas: cereja, nectarina e coração de Paloma. Cada uma custando em torno de PC$1200 (R$4) o quilograma. Um pouco caro, mas as frutas estavam saborosas.

Descansamos um pouco e depois pegamos o carro para conhecer alguns lugares nos arredores de San Pedro.

Nosso primeiro destino foi as Termas de Puritama, que fica a 33Km ao norte de São Pedro seguindo pela calle Ignacio Carrera Pinto (mesma estrada em direção aos Geisers El Tatio). O caminho é bem bonito e vale a pena percorrer. Neste trajeto a altitude aumenta um pouco e o carro sofre em algumas subidas do caminho. O trajeto possui uma parte de asfalto e outra de rípio, ambos em boas condições. No caminho passamos pela Quebrada de Guatin (cânion rochoso atravessado por um rio de águas tépidas por causa da união do rio Puritama de água termal com o Purifica de águas frias), onde paramos para tirar algumas fotos.

Vista do vulcão Licancabur desde a calle Ignacio Carrera Pinto

Vista do vulcão Licancabur desde a calle Ignacio Carrera Pinto

Calle Ignacio Carrera Pinto em direção as Termas de Puritama

Calle Ignacio Carrera Pinto em direção as Termas de Puritama

Quebrada de Guatin

Quebrada de Guatin

Em seguida chegamos à entrada das termas, mas ao vermos o preço de PC$10000 (R$35) por pessoa, desistimos. As termas parecem ficar dentro da Quebrada de Guatin, e de cima da quebrada conseguimos tirar algumas fotos do local. Mesmo que não se queira chegar às termas, o caminho e a paisagem em volta das mesmas já valem a pena. Depois descobrimos que esse era o preço para ficar o dia todo, para ficar nas termas a partir das 14h custava à metade.

Termas de Puritama (dentro da Quebrada de Guatin)

Termas de Puritama (dentro da Quebrada de Guatin)

A bela Quebrada de Guatin

A bela Quebrada de Guatin

Seguimos então em direção ao povoado Machuca, retornando pela mesma ruta, já que a entrada do caminho que leva a este povoado fica a alguns quilômetros antes das termas. Logo após entrarmos na estrada que leva ao povoado, encontramos um rio que corta a estrada, mas como a água era baixa atravessamos. Mais a frente o rio cortava novamente a estrada. Neste ponto a água estava mais alta e resolvemos não arriscar. Há uma ponte em construção neste local, possivelmente daqui a algum tempo este rio não será mais problema. Nestes momentos que sentimos falta de ter uma pickup 🙁

Imprevisto na estrada em direção ao povoado Machuca

Imprevisto na estrada em direção ao povoado Machuca

As belezas da calle Ignacio Carrera Pinto

As belezas da calle Ignacio Carrera Pinto

Deserto do Atacama!

Deserto do Atacama!

Kidding!

Kidding!

Resolvemos ir então ao Valle de La Luna, que é possivelmente o ponto turístico mais visitado da região. O lugar fica distante 16Km de San Pedro. O local é um vale em plena Cordilheira de Sal, rodeado de formações rochosas geradas por séculos de erosão.

A Cordilheira do Sal foi formada há milhões de anos atrás. Era um antigo lago, cujo fundo foi sendo levantado e verticalizado pelos mesmos movimentos da costa terrestre que originaram a Cordilheira dos Andes. Moldada pelo tempo através da chuva, do vento e do sol do Deserto do Atacama, sua forma final que conhecemos hoje é plena de esculturas naturais, diferentes tipos estratificações e colorações variadas pela diversidade mineral do local.

Para chegar ao Valle de La Luna se pega a mesma ruta que vai para Calama (ruta 23) e após alguns quilômetros entra-se à esquerda onde há uma placa indicativa. Mais alguns Km entra-se à direita (também indicado por uma placa), onde existe um guarda parques, onde se deve pagar a taxa de entrada de PC$2000 (R$7) por pessoa. Em seguida a estrada é de rípio, mas em boas condições. Alguns km a frente encontra-se o estacionamento, junto ao acesso a grande duna de onde se pode contemplar o pôr do sol. Havia uma quantidade enorme de turistas, todos subindo a duna. Subimos rapidamente, pois o sol já estava se pondo. Haviam 2 lugares principais onde os turistas estavam se aglomerando: seguindo em frente em direção a onde o sol estava se pondo ou entrando à esquerda, de onde se podia ver os raios de sol sobre o vulcão Lincabur. Resolvemos entrar à esquerda, e acertamos. Deste local podiam-se ver os raios de sol sobre o vulcão, nas montanhas a sua volta e também nas montanhas do vale. Tiramos várias fotos aproveitando as belas paisagens do local.

Estacionamento no Valle de La Luna

Estacionamento no Valle de La Luna

Subindo a Grande Duna no Valle de La Luna

Subindo a famosa grande duna do Valle de La Luna

Valle de La Luna

Valle de La Luna

Valle de La Luna

Valle de La Luna

Contemplando o pôr-do-sol no Valle de La Luna

Contemplando o pôr-do-sol no Valle de La Luna

Quando o sol já havia desaparecido resolvemos conhecer o outro local para onde os turistas também tinham ido. No caminho todos já estavam voltando, e mais adiante encontramos um guia do parque que disse para retornarmos, pois o local já estava fechando. Ficamos intrigados, pois nunca pensamos que uma duna de areia fecharia. :/ Resolvemos então descer e conhecer o resto do vale. Pegamos o carro e continuamos o caminho, sem saber onde a estrada iria terminar. Andamos um pouco, onde em alguns locais ainda havia vans de empresas de turismos. Andamos mais um pouco e resolvemos voltar, pois já estava escuro. Resolvemos que iríamos voltar outro dia mais cedo para explorar o local com mais tempo.

Retornamos então para a cidade, onde jantamos e fomos para o hotel dormir. Lendo sobre o Valle de La Luna descobrimos que o caminho que estávamos seguindo saia novamente na ruta 23, de onde se podia retornar para San Pedro.

Dica do dia:

Aproveite para caminhar pelas ruas da cidade de Uyuni, assim você poderá conhecer de perto a cultura boliviana.

As roupas de frio (feitas artesanalmente) são bem baratas na Bolívia (especialmente na cidade de Uyuni), aproveite para fazer algumas compras por lá.

As pickups usadas do tour da Bolívia (Toyota Land Cruiser) podem transportar até 6 pessoas mais o motorista, porém 5 pessoas é o ideal. Caso você for alto, tente pegar algum banco nas 2 primeiras fileiras, já que na terceira o espaço é bem menor.

Dicas do que levar para quem pretende fazer o tour na Bolívia:

  • 3 litros de água por pessoa: a água é por sua conta.
  • Lanterna, pois em algumas das hospedagens podem não haver energia elétrica (eles usam geradores em condições precárias).
  • Barras de cereais: apesar de toda a alimentação ser fornecida pela agência, vale a pena levar alguns complementos caso sinta fome entre as refeições.
  • Saco de dormir: as roupas de cama dos alojamentos parecem estar limpas, mas vale a pena ter este acessório caso você encontre algum local com higiene duvidosa.
  • Leve algumas roupas de inverno: alguns locais são um pouco frios, especialmente pela manhã. Em torno de 90% do tempo é possível usar bermudas, camiseta e chinelos.
  • Boné, óculos de sombra e bloqueador solar: o sol é forte, principalmente no salar.
  • Várias pilhas reservas para a câmera fotográfica: a maioria dos locais onde você fica hospedado tem energia elétrica através de geradores em condições precárias e somente à noite, portanto não dá para contar sempre com energia elétrica para usar carregadores. Um carregador automotivo é uma boa opção, contanto com a sorte de que a tomada de 12V da pickup do tour esteja funcionando.

Mapas salar e lagunas na Bolívia:

  • Mapa turístico (Potosi)

  • Mapa sudoeste de Poto

Veja mais fotos deste dia no Flicker: clique aqui!

Ir para o próximo dia.

10 respostas
  1. Roberto
    Roberto says:

    Olá! Estou planejando fazer de 4 x 4 do Brasil, Bolivia e Argentina. Como consigo esses mapas em tamanho maior para imprimir com boa qualidade? ou que guia encontro?

    Responder
  2. LUIS ANTONIO
    LUIS ANTONIO says:

    OLá!

    Achei por acaso o blog de vocês. Parabéns pelas viagens. Também sou do RS e atualmente estou morando em Rondônia. JÁ PERCORRI o Brasil todo de carro (3x do RS ao nordeste e 2x do RS ao Acre). Como vocês gostam muito de viajar, minha dica é a viagem que fiz em maio de 2011 de Porto Velho a Macho Picho e lago TItikaka (Peru). A entrada é por Assis Brasil no Acre. As paisagens são lindas, O asfalto é perfeito (inaugurado em novembro de 2009). para maiores informações é sé me escrever.

    Responder
    • arrsouza
      arrsouza says:

      Olá Luis!
      Caso você tenha o roteiro, favor nos enviar. Nos informe caso tenhas publicado as fotos em algum lugar.
      Um abraço
      Alexandre, Rosângela e Felipe

      Responder
  3. Eduardo Fittipaldi
    Eduardo Fittipaldi says:

    Olá amigos!

    Estou buscando informações por aqui. Estou em Salta – Norte da Argentina e me programando para ir ao Salar de Uyuni a partir de San Pedro do Atacama. Vi o mapa de vcs e vou traçar uma rota. Já rodei mais de 6.000 km vindo do Brasil e viajando pelo Paraguay mas meu carro é um Golf – naturalmente sem tração. Seria possível subir a Potosi cruzando o salar? Qual seria a melhor rota? Agradeço demais. Saudações, Eduardo.

    Responder
  4. flavia
    flavia says:

    Ola! O viajando de carro ja esta nos meus favoritos! Adorei, parabéns pela dedicação! Onde ficaram hospedados em San Pedro? VOu passar final de ano lá e estou em dúvida? TÊm alguma dica?
    Abraços
    FLavia

    Responder

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