Hoje literalmente caímos da cama para seguir viagem. Inicialmente pretendíamos ir até Oruro. No entanto, o Alexandre foi buscar o carro no estacionamento, mas haviam outros três veículos impedindo a saída do nosso. A garagem era um corredor descoberto em que todos os carros ficavam enfileirados. O nosso foi o primeiro a entrar no dia anterior e, portanto, teria de ser o último a sair. O lugar era sujo, todo bagunçado, enfim, uma zona! Não ficava ninguém cuidando, mas nos pareceu (relativamente) seguro, já que o portão ficava fechado.
Era bem cedo, algo em torno de 7h no horário da Bolívia. Informaram que os carros sairiam em seguida, dentro de uns 30 minutos. Não acreditamos que todos os carros sairiam em um intervalo tão curto de tempo. Desta forma, aguardamos um pouco e resolvemos ir dar uma volta pelo centro de Villazón.
A cidade é pequena e o povo se mostra bem desconfiado dos estrangeiros. Há muitas barracas nas ruas vendendo de tudo um pouco, desde alimentos, sucos, frutas, brinquedos e roupas. Tinha até uma barraca vendendo especificamente cartões SD e pendrives.
A cultura boliviana é mantida na cidade e há muitas mulheres com as vestimentas típicas do país.
Em Villazón há no mínimo dois parquinhos legais para crianças. Resolvemos levar os pequenos em um que fica próximo do terminal de ônibus. Porém, chegando lá, estava fechado e o horário de abertura era somente às 9h. O parque é gratuito, no entanto o horário é restrito. Provavelmente isto é feito para evitar o mau uso, ação de vândalos e depredação do local.
Infelizmente tivemos que desistir do parquinho, pois não poderíamos aguardar pela sua abertura. Voltamos para as proximidades do hotel para aguardar a liberação do carro no estacionamento. Dando uma volta pela praça que fica próxima ao terminal de ônibus, encontramos uma outra hospedagem (Center Hotel, Plaza “6 de Agosto” n.125, Telefone 5965472). Nos pareceu uma boa opção, provavelmente melhor do que a nossa. Entramos para pegar informações, pois poderiam ser úteis para outros viajantes. O hotel também não tem estacionamento. Mas há elevador, café da manhã e wi-fi. Porém, no momento, o elevador e a wi-fi não estavam funcionando. O custo é cerca de 250 bolivianos, 100 a mais do que o local onde nos hospedamos.
Fomos até o estacionamento para ver se o nosso carro já estava liberado, mas ainda havia um veículo na nossa frente. Eu (Rosângela) e as crianças fomos aguardar um pouco mais no hotel. Neste momento já eram 9h e 30min. Desta forma, combinei com o Alexandre que iríamos novamente para o parquinho e, quando o carro estivesse liberado, ele passaria por lá para nos pegar. Já que estávamos sendo obrigados a esperar, achamos justo as crianças aproveitarem a pracinha, pelo menos, por alguns minutos.
A pracinha é muito legal e tem muitos brinquedos para as crianças se divertirem. Ficamos um pouco por ali até o Alexandre aparecer a pé dizendo que ainda estava esperando o carro ser liberado e resolveu ir até onde estávamos para matar o tempo.
Ficamos mais alguns minutos no parquinho e resolvemos retornar todos juntos para ver se o carro já estava liberado. Após chegarmos no hotel tivemos que esperar ainda mais um pouco. Os donos do carro que estava na nossa frente não tiveram nenhuma consideração e somente retiraram seu veículo no momento que lhes fossem mais conveniente. Em resumo, conseguimos sair da cidade rumo a Oruro somente por volta das 11h da manhã. Um horário um tanto tarde para conseguirmos vencer o trajeto programado para hoje. No entanto, seguimos viagem para ver o que seria possível percorrer no dia de hoje após este grande imprevisto.
Nosso roteiro de hoje foi Villazón->(RN14)->Tupiza->Santiago de Cotagaita->Potosí, percorrendo 360km ao total.
Alguns quilômetros após iniciado a nossa viagem chegamos a um pórtico de boas vindas a Bolívia. Paramos para fotografar rapidamente e seguimos viagem.
As paisagens pelo caminho são muito bonitas, especialmente até a cidade de Tupiza. Como não conseguimos obter muitas informações a respeito deste trecho durante as nossas pesquisas na elaboração do roteiro, as belezas desse trajeto foi uma grande surpresa. Como sempre comentamos, esta é uma das grandes vantagens das viagens de carro, muitas vezes o trajeto é mais bonito do que o próprio destino e isso faz a viagem ficar ainda mais prazerosa.
A estrada está toda em bom estado de conservação. Há um baixo movimento de veículos. Além disso, há postos de combustíveis e conseguimos abastecer pelo valor destinado aos estrangeiros sem nenhuma dificuldade.
Não há muitas opções de restaurantes pelo caminho e os postos de combustíveis não possuem lancherias. Para quem quer fazer uma refeição terá que aproveitar as opções existentes nas cidades por onde se passa neste trecho da viagem.
Chegando em Potosi ficamos impressionados com a bela paisagem da cidade. Potosi está a 3967m sobre o nível do mar e é uma das cidades mais altas do mundo. A cidade também é conhecida pelas suas minas, localizadas no Cerro Rico, que se constituíram no principal centro produtor de prata em toda América no período colonial. Hoje em dia ainda há atividade nas minas onde é extraído, 24 horas por dia, estanho, chumbo e zinco. Também é realizada visitação guiada nas minas onde turistas, mais aventureiros do que nós, realizam arriscados tours por seus corredores subterrâneos.
Resolvemos pernoitar em Potosi alterando um pouco o nosso roteiro. Já era em torno de 18 horas da tarde. Os próximos trechos da estrada eram de serra e, além de ser perigoso, certamente iríamos ter que adentrar até tarde da noite para cumprir o trajeto. Sem dúvidas, esta foi a nossa melhor decisão neste momento.
Desta forma, entramos na cidade em busca de um lugar para ficar. Pegamos uma das opções indicados pelo GPS. Nos hospedamos no Hotel Santa Teresa . Um bom hotel e com um valor um pouco acima da média do que costumamos pagar. No entanto, tinha estacionamento, café da manhã, restaurante no local, enfim tudo o que precisávamos para facilitar a nossa vida após um dia um pouco estressante e cansativo. Os quartos são amplos e confortáveis, possuem aquecimento, TV LCD e wi-fi. O banheiro era bom, mas a água quente do banho era um pouco instável.
Descemos para jantar no restaurante do hotel e depois fomos descansar.
Hoje foi a nossa primeira experiência dirigindo no trânsito boliviano de uma cidade maior porte. Potosi tem cerca de 130 mil habitantes. O trânsito é um pouco bagunçado, onde a preferência é de quem avança primeiro. Mas não chega a assustar. Depois de algum tempo se entender as “regras” e dá para se virar bem. A maior dificuldade são as inúmeras ruas com descidas e subidas íngremes.
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